NO ANIVERSÁRIO COMEMORAMOS O VIR À LUZ DE NOSSO FILHO E UM ANO DE MUITAS CONQUISTAS
Ao entrarmos numa rotina, acabamos esquecendo o significado de nossos atos, e isso não é diferente quando comemoramos o nascimento de nossos filhos. Hoje contratamos buffets que nos oferecem um pacote pronto, com diversão garantida para todas as crianças e praticidade para os pais. Porém, se pararmos um pouco para observar os pequenos rituais que compõem uma festa de aniversário, podemos encontrar conteúdos profundos que remetem à natureza espiritual de nossos filhos e sua relação íntima com os seres da natureza terrestre e cósmicos.
Por meio de uma visão espiritual, sabemos que existe, na individualidade humana, um caráter de imortalidade, de eternidade. Sabemos também que essa individualidade atravessa a vida terrena, vivenciando experiências que a levam a um processo de amadurecimento, de aperfeiçoamento.
Para isso, essa individualidade que podemos chamar de “eu”, de natureza essencialmente espiritual, necessita, para atuar na vida terrena, de um corpo “físico”, emprestado do reino mineral, de um “corpo vital”, emprestado do reino vegetal, e de um “corpo anímico”, emprestado do reino animal. O corpo físico nos dá a forma, tudo o que é visível em nós; o corpo vital nos dá a vida, crescimento, reprodução; o corpo anímico nos dá a capacidade de sentir, de nos movimentar, desejos, instintos, consciência; o nosso “eu”, permeando todos os três corpos, possibilita a autoconsciência.
No aniversário, comemoramos o nascimento, ou seja, o “vir à luz” de nosso filho, exatamente na data em que ele completou uma volta em torno do sol tendo conquistado neste tempo várias habilidades, tendo amadurecido e vivenciado tantas experiências que o tornaram cada vez mais autônomo e capaz.
Também desejamos neste dia que o próximo ano, a próxima volta em torno do Sol, seja também cheio de alegrias e conquistas.
A CRIANÇA PERCEBE O SIGNIFICADO DESTE DIA. ELA OBSERVA UM MOVIMENTO DIFERENTE DIAS ANTES, QUANDO SEUS PAIS COMEÇAM A PREPARAR A CERIMÔNIA, NUM CLIMA AFETIVO AO QUE SENTIRAM NO DIA DE SEU NASCIMENTO, DE SUA CHEGADA AO MUNDO TERRENO.
Para isso, fizeram um bolo misturando vários ingredientes (físico, terra), prepararam diversos sucos e bebida (vital, água), encheram balões coloridos que deram um tom animado ao ambiente (anímico, ar). Finalmente, colocaram no centro de tudo isso uma vela, bem em pé, ereta como um ser humano (eu, fogo). Chegamos agora ao momento mais importante, com todos os envolvidos no desenvolvimento de nosso filho, os quatro elementos da natureza (terra, água, ar e fogo), as pessoas próximas que desde o primeiro dia aqui na Terra o acompanham e, no cosmo, Sol e estrelas reposicionadas no mesmo lugar, relembrando as mesmas influências do momento do nascimento.
A luz se apaga, mas nosso filho não sente medo, pois a chama basta para criar um clima seguro, enquanto um coro de vozes conhecidas preenchem o seu ser. Quando as vozes se calam, é a hora de ser ativo e ele enche os pulmões e sopra forte, como fez na hora de seu nascimento. Todos gritam seu nome dando vivas. Nosso filho se alegra de estar neste mundo que o acolhe com tanto amor. Lá fora, o Sol se alegra também, pois sabe que o apagar da vela, da luz exterior, representa, na verdade, o acender de uma luz interior.
ANTONIO CARLOS DE SOUZA ARANHA É PEDIATRA ANTROPOSÓFICO